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2.3.13

CAMINHONETE FAZ DE AGRICULTOR "RICO" NA ZONA RURAL DE SERTÂNIA

VOZ DO INTERIOR O BLOG DE SERTÂNIA E REGIÃO.



Maylson Batista de Souza conhecido como "careca" tem 49 anos e pode-se considerar o primo rico do Sertão. Ele não busca água num açude distante cinco quilômetros de sua propriedade em carro de boi, mas em carro de várias dezenas de cavalos: sua caminhonete. Um luxo que o ajuda a abastecer seu sítio com até dois mil litros do ouro em forma líquida. Mas é um rico não ganancioso. Quando tem muita gente na fila, leva só 500 litros. Essa água vai lavar a casa, a roupa e, principalmente, matar a sede de seus bodes e galinhas. Sem o mesmo privilégio ou disposição, seus vizinhos debandaram do Sítio Soares de Baixo, área rural de Sertânia, Sertão do Moxotó. Num raio de um quilômetro só ele, a esposa e os animais.

Ele garante que abaixo da superfície tem bastante água. Por isso, está juntando dinheiro para começar a cavar. O custo é de R$ 3,5 mil. Aí deixaria o açude para quem tem mais necessidade e substituiria a cacimba que nos tempos de bonança abastecia toda a vizinhança. Tão grande que era conhecida por cacimbão pelos moradores. Hoje, um fantasma sem uma gota d'água sequer.A vida um pouco menos difícil que seus pares faz o pequeno agricultor dar de ombros para as cisternas e suas consequências. A primeira delas é fazer parte de uma engrenagem burocrática com governos e associações e seus recorrentes atrasos. "Essas cisternas que prometeram não chegaram aqui, não. É só por meio de associação e não quero, não gosto. Prefiro cavar um poço", explicou.
O caminhão deixa a vida de Maylson um pouco menos difícil
O caminhão deixa a vida de Maylson um pouco menos difícil
Se não tivesse a caminhonete, sobrariam duas alternativas. A primeira, tirar R$ 120 do bolso para transportar a água. "Ou chorar por um carro-pipa. É feia a situação. Essa é a pior seca que já vi. O cacimbão secou todinho. A água acabou há cinco meses". Tanto tempo de escassez não conseguiu lhe tirar um animal sequer. Fruto do carinho por sua criação que o faria, garante, se sacrificar pelos bichos. Para o gado, bagaço da cana. Os bodes são mais fáceis, já que comem quase de tudo. "Prefiro passar sede do que ver os meus animais morrendo. Eu tenho sabedoria para sair daqui. Eles, não".
Sabedoria para sair ele tem. Mas vontade, nenhuma. Maylson não afirma taxativamente, porém encara sua vida no Sertão como um sacerdócio ou uma missão. Alugou a casa que tinha no centro da cidade para viver na área rural e sabia que pouca chuva e, principalmente, muito sol fazem parte do repertório. "A gente tem que se acostumar com inverno e o verão. Não pode querer só o inverno não", avisa.

Ne10
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